Reforma tributária: o que muda para quem é MEI, autônomo ou PJ?
1. Contexto e objetivo da reforma
A Reforma Tributária aprovada em 2023 (Emenda Constitucional nº 132/23) busca simplificar o
sistema de impostos no Brasil, unificando tributos como ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins em um
modelo moderno de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). A expectativa é reduzir a
cumulatividade, aumentar a transparência e tornar a tributação mais eficiente.
2. Impactos principais para MEI, autônomos e PJs
a) Criação do IVA Dual (CBS + IBS)
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): imposto federal que substitui PIS, Cofins e
IPI. Prevista para entrar em vigor em 2027 com alíquota uniforme, geralmente 12%.
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços estadual/municipal): substitui ICMS e ISS de forma
gradual entre 2026 e 2033.
b) Fim da cumulatividade
Imposto pago em etapas anteriores vira crédito tributário totalmente utilizável na cadeia
produtiva. Isso evita a cobrança de imposto sobre imposto.
c) Alíquotas diferenciadas por categoria
- Alíquota geral de aproximadamente 26,5% sobre consumo.
- Profissionais liberais (advogados, engenheiros, arquitetos, contadores, etc.): redução de
30%, resultando em alíquota efetiva de 18,55%.
- Setores essenciais (saúde, educação, medicamentos): redução de 60%, com alíquota de
10,6%.
d) Tributação de lucros e dividendos
A isenção sobre lucros e dividendos pode acabar, com aplicação de nova alíquota — assunto
ainda em análise.
e) Novas categorias: nanoempreendedor
Criada para formalizar profissionais com faturamento até R$ 40.500 por ano (50% do limite do
MEI). Ficam isentos de CBS e IBS e contam com formalização simplificada.
3. O que muda especificamente para cada perfil?
MEI
- Pode haver atualizações nos limites de faturamento e formas de recolhimento; deve migrar para o IVA, mas mantendo continuidade no regime simplificado.
- Possível transição para regime híbrido com crédito tributário parcial.
Autônomo ou PJ (Lucro Presumido/Real)
- Atuais alíquotas (8,65% – Presumido; 14,25% – Real) unificam-se em 26,5%, sujeitas às respectivas reduções por setor
- Necessidade de adaptação no fluxo de caixa e precificação.
Profissionais liberais
- Passam a pagar 18,55% sobre consumo, reduzindo custos e aumentando competitividade.
4. Créditos tributários e precificação
- Com a não cumulatividade total, insumos e serviços adquiridos gerarão créditos que
diminuem o imposto devido.
- O efeito líquido nos preços dependerá da estrutura de custos; empresas com muitos
insumos se beneficiam mais.
5. Fluxo de caixa e split payment
- O novo modelo pode incluir o modelo de split payment, onde o imposto é retido no
momento do pagamento, reduzindo o capital de giro, exigindo maior controle financeiro e
sistemas automatizados.
6. Como se preparar?
- Atualize sistemas fiscais e contábeis para lidar com IBS/CBS e split payment.
- Reavalie regimes tributários (Simples, Lucro Presumido ou Real)
- Atenção ao planejamento financeiro e gestão de capital de giro.
- Aproveite oportunidades de créditos tributários ampliados.
- Conte com apoio contábil especializado.
Conclusão
Para MEIs, autônomos e PJs, a reforma representa um marco na modernização tributária:
simplicidade maior, transparência e potencial redução de carga tributária via créditos. Mas há
desafios – ajustes no caixa, mudança de regimes e investimentos em tecnologia fiscal. O período
entre 2026 e 2033 será decisivo para adaptação e adequação aos novos modelos.